Nota de imprensa completa
O Banco de Portugal acaba de divulgar o seu relatório sobre o ano de 2005 e as previsões par 2006. O relatório confirma a estagnação económica no ano passado - 0,3%, o que representa um quinto do crescimento médio da zona euro. O investimento caiu mais um ano, agora em 2,7%, em comparação com um nível de si muito reduzido pela quedas anteriores. Numa palavra, a economia portuguesa voltou a cair em 2005: enquanto na UE se recuperava da recessão, Portugal voltava a aproximar-se da recessão.
É preciso dizê-lo com clareza: este é o resultado da obsessão do défice. Cada ano que se afirmava a política anti-défice, o défice era maior e os problemas económicos cresciam. Os remédios foram os piores e os médicos os menos indicados.
Foi assim que chegamos a 2006. Agora, o BP anuncia a revisão em alta para 1,2% da projecção do crescimento anual e o governo embandeira em arco. Trata-se de uma reacção demagógica e irresponsável, porque mesmo que se atinja os 1,2% ainda estaremos muito abaixo da média europeia, ou seja, um novo ano de agravamento da divergência, de tempo perdido, de mais desemprego e dificuldades sociais.
Deste ponto de vista, o relatório do BP volta a apelar à criação de "flexibilidade salarial", ou seja, à continuada repressão dos salários reais e à diferenciação dos trabalhadores. Para o Bloco de Esquerda, esta é a receita da derrota: enquanto as vantagens competitivas da economia portuguesa forem o trabalho barato, sem direitos e sem qualificações, a divergência acentuar-se-à e é isso que põe em causa o emprego. O Bloco condena essa política e responde ao governo com a exigência de uma política de criação de pleno emprego e de qualificações que permita uma convergência real com direitos sociais, em vez da degradação do trabalho e da economia que tem sido imposto nos últimos anos.