quinta-feira, 12 março 2015 13:51

Para que serve uma coordenadora de jovens?

Conferência Jovens do BlocoContributo de Gonçalo Pessa e Inês Tavares

Ao longo da existência do bloco, tem sido constante a discussão sobre as formas que nos diferentes momentos melhor respondiam às necessidades organizativas dos jovens do partido. Essa é uma discussão importante e saudável para um partido com dinâmica e capacidade de ler a conjuntura e fazer balanços críticos. Em torno dessa discussão construiu-se o consenso para a criação de um órgão nacional coordenador de jovens. Importa por isso sistematizar essa reflexão e perceber qual o papel de uma coordenação nacional de jovens.
Tem sido para nós consensual a rejeição de uma organização de jovens independente do Bloco. Recusamos o paternalismo de termos uma estrutura de iniciação à militância, que separa miúdos e graúdos no combate político. No Bloco de Esquerda não precisamos de uma jota que assuma a luta contra o conservadorismo, para que o partido se possas dedicar ao que é “importante”. O Bloco é um partido fraturante, que vai às causas todas, que vê nas lutas de classes, contra o conservadorismo, pela sustentabilidade ecológica, pela emancipação, uma luta única, a luta política pelo mundo que queremos construir.

Concordamos, por isso, que não há causas que são inerentes a um e uma jovem militante de esquerda, que são os diversos espaços e contextos de socialização que suscitam a militância e o ativismo político.

Mas se os e as jovens não são um sujeito dono de uma reivindicação específica que é a causa que suscita a militância, foi notório o inconseguimento das estruturas do Bloco em criar setores de militância dessas reivindicações específicas com dinâmica e capacidade organizativa, tendo sido o setor estudantil uma exceção. A organização de ativistas como ativistas LGBT, feministas, ecologistas em grupos de trabalho não teve sucesso, acentuando a dificuldade na integração de novos militantes jovens que não estudam ou cujos interesses de ativismo não passem pelo ativismo estudantil.

Para integrarmos novos militantes jovens e termos uma cultura marcada pela rebeldia associada aos jovens, precisamos de ter espaços de discussão e debate político, de formação. Uma organização jovem dinâmica precisa de ocupar as sedes, ter espaços de convívio onde possa convidar os amigos a ir, fazer do bloco um espaço de prática de uma cultura alternativa.

No entanto, a organização de jovens deve ir bem para além da existência interna. O Bloco deve procurar ser uma ferramenta desses militantes para o ativismo no movimento social. Esse é o papel transformador dos jovens do Bloco, a intervenção constante nos seus locais de trabalho, de estudo, nas suas associações locais, nos seus coletivos temáticos.

Alimentar e apoiar esse tipo de intervenções é também o papel de uma coordenação de jovens, mantendo rede de ativistas e apoiando política e materialmente, sempre que necessário, as suas causas e os seus grupos. A coordenação de jovens tem a responsabilidade de assumir uma função de catalisação do movimento social.

O ativismo estudantil por parte dos jovens estudantes deve continuar a ser encarado como prioritário. Soubemos reconhecer no passado os estudantes enquanto um sujeito político determinante para a definição do seu tempo. Estarmos presentes em associações de estudantes e coletivos, dar-lhes substância política, reivindicativa sobre política educativa, deve ser também a nossa agenda para ressuscitar e fortalecer o movimento estudantil. Um movimento estudantil forte é uma escola de formação de militância política, polariza as faculdades e escolas, marca a agenda reivindicativa e fortalece o movimento social.

É por isso necessário partir da coordenação de jovens a iniciativa de criar grupos de trabalho de estudantes, a nível local e nacional, para manter a rede ativistas estudantis, dar-lhe dinâmica, e garantir que o Bloco tem um trabalho continuado com os estudantes e capacidade de resposta constante às questões de política estudantil. Temos de saber organizar-nos com os nossos colegas, estar em todas as disputas nas nossas escolas, sejam contra sistemas de vigilância absurda, contra o preço das propinas, contra o aumento do preço das cantinas, contra a degradação das infraestruturas, contra a praxe ou contra qualquer mecanismo de exclusão ou opressão dos estudantes.

É na resposta a necessidades como estas, a integração e potenciação do ativismo dos novos militantes jovens, alimentar uma agenda e uma cultura de um Bloco irreverente e anti-capitalista, potenciar a intervenção dos camaradas jovens nos vários setores, criar espaços de convívio e partilha de experiências de ativismos, espaços de formação e discussão política, espaços de encontro e espaços de ação, campanhas das diferentes lutas, espaços de contra-cultura, movimento social que a futura coordenadora de jovens terá de atuar, reinventando-se as vezes que forem necessárias, sabendo que só faz sentido enquanto impulsionadora dos diferentes anseios e lutas.

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