Autarquia PS contestou em 2005 concurso do metro que excluía ligação a Serpins
Câmara da Lousã promove na Internet traçado que amputa ramal ferroviário em Ceira
A Câmara Municipal da Lousã, que em 2005 contestou em tribunal um concurso público do metro ligeiro de superfície, por amputar o troço ferroviário Lousã-Serpins, promove agora na Internet um traçado que exclui do Ramal da Lousã o percurso entre Coimbra B e Ceira. O Bloco de Esquerda e a sua deputada na Assembleia Municipal da Lousã exigem que a Câmara Municipal, accionista da Metro Mondego, explique aos cidadãos o itinerário diminuto que exibe em www.cm-lousa.pt, desafiando-a a substituir a propaganda a um metro imaginário por uma verdadeira informação aos cidadãos.
No sítio www.cm-lousa.pt, com grande destaque permanente na página principal, a autarquia da Lousã, que integra a Metro Mondego, com 14 por cento do capital, concede ao projecto do metro uma publicidade que nem a própria Metro ousa fazer, num momento em que ficou deserto o
concurso para construção e manutenção de material circulante.
“A Lousã vai crescer metro a metro”, regozija-se a autarquia, com imagens ao estilo “Estações Com Vida”, ideia, também virtual, apresentada em Coimbra, em 2001, pelo antigo primeiro-ministro António Guterres.
Mostra-se o futuro percurso do metro, mas só entre Ceira e Serpins. Ou seja, o Ramal da Lousã surge novamente amputado, desta vez entre Coimbra B e Ceira.
Há três anos, numa altura em que o Governo de Santana Lopes já decidira excluir a ligação ferroviária Lousã-Serpins, substituindo-a por autocarros, a ameaça de um metro em versão minimalista, apenas entre Ceira e Lousã, chegou a suscitar os justos receios do presidente da Câmara da Lousã, Fernando Carvalho, que então se recandidatava à liderança da autarquia pelo PS. O calor pré-eleitoral falava mais alto.
Há dias, todas as três propostas apresentadas ao concurso público internacional para aquisição de material circulante foram excluídas. Vai ser realizado um novo concurso.
Divulgada na imprensa, esta informação não figura nos sítios oficiais da Metro Mondego, nem dos municípios que dela fazem parte. Por que será?
No sítio da Metro Mondego, quatro dias após a abertura das propostas, efectuada no dia 31 de Outubro, em Lisboa (não em Coimbra, na sede da sociedade, o que é muito estranho), nada consta sobre este desfecho.
Em tempo pré-eleitoral, nestes 15 anos de folhetim metro, vulgarizaram-se os incidentes processuais nunca explicados aos cidadãos que tudo pagam: os mesmos que agora vão suportar as graves consequências da chamada crise financeira na economia real, nas empresas e nas famílias.
Ainda segundo a comunicação social, foram seis as empresas que levantaram o caderno de encargos, mas apenas três entregaram propostas, na recta final do concurso. Por alegadas irregularidades, foram todas recusadas!
Já que a Metro Mondego está calada, o Bloco de Esquerda da Lousã e a sua deputada na Assembleia Municipal exigem que a Câmara explique o que se passa, desafiando-a a substituir a propaganda ao metro na Internet por uma verdadeira informação às pessoas.
O executivo e o PS deveriam também saber explicar o que significa ter ficado deserto o concurso do material circulante.
O actual Governo, de facto, não liga nada ao Ramal da Lousã. E a Câmara PS comporta-se como sua sucursal.
Já foram sucessivamente esgotados diferentes prazos anunciados, desde 2006, para fazer avançar o Sistema de Mobilidade do Mondego. Quase tudo na mesma.
Ainda há poucas semanas, a secretária de Estado dos Transportes reuniu-se em Coimbra com os presidentes das câmaras da Lousã, Coimbra e Miranda do Corvo.
O encontro foi praticamente secreto, desta vez longe dos holofotes das televisões. Saberão os autarcas de algo ruim que não queiram revelar a quem os elegeu?
Núcleo do Bloco de Esquerda/Lousã