Por um Bloco de Esquerda para além das correntes
Na VIII Convenção do Bloco de Esquerda, em Novembro de 2012, teve lugar um intenso debate sobre a necessidade da sua “descorrentização”, sendo aqueles que a defendiam quase acusados de desconsiderar as raízes históricas e a própria dinâmica de funcionamento do Bloco. Apenas dois meses mais tarde, eis que um grupo restrito de dirigentes, onde pontua não só o ex-coordenador do partido como um dos actuais coordenadores da Comissão Política, vem propor a criação de uma espécie de “megacorrente” que reuniria o que ainda pode ser reunido das três correntes fundadoras, decretando-as historicamente mortas.
Esta inflexão de discurso – sublinhe-se, dois meses depois da Convenção – revela que, das duas uma: ou toda a argumentação anteriormente produzida neste âmbito pela maioria em processo de Convenção era instrumental, ou não é agora suficientemente transparente e sincera.
Os militantes abaixo-assinados lembram que o grande combate que o Bloco tem pela frente é a derrota das políticas da troika, do governo e das direitas que o sustentam. E, nesses termos, consideram que esta proposta vem, objectiva e lamentavelmente, dispersar a concentração do partido em relação às prioridades definidas em Convenção, introduzindo factores de perturbação interna perfeitamente dispensáveis na actual conjuntura política, económica e social
O processo de lançamento da ideia corresponde, infelizmente, a um padrão já pouco original. Propaga-se em círculos, labora dentro das estruturas de direcção executiva do Bloco, alarga-se às correntes fundadoras, mas mantém sigilo em relação à grande maioria dos aderentes. Isto é, em relação àqueles que, militando no Bloco, nunca pertenceram, já não pertencem ou, pertencendo a qualquer das correntes, vêm expressando grande desconforto com esta forma de fazer as coisas.
Do nosso ponto de vista, o problema do Bloco de Esquerda não está nas correntes em si, mas no modo como condicionam e asfixiam a sua vida interna. Do nosso ponto de vista, podem existir três, duas, quatro, uma, vinte correntes. O problema está, de facto, na vida democrática do Bloco e, particularmente, nos mecanismos de decisão política que, com demasiada frequência, obedecem a lógicas de negociação à margem dos principais órgãos do Bloco (mesa nacional, comissão política, estruturas regionais).
A emergência desta nova tendência, contrariamente ao que proclama, não constitui um corte com as anteriores conceções de equilíbrio negociado entre as correntes, antes assegurando uma continuidade das mesmas práticas, mas em novos moldes. O que, dada a hegemonia que a nova corrente garantirá para si própria, pode até revelar-se ainda mais prejudicial para a democracia interna.
Do que o Bloco precisa é de mais espaço político interno, onde possam emergir, instalar-se e consolidar-se dinâmicas verdadeiramente democráticas e participativas, que atravessem, de cima a baixo, todas as estruturas e envolvendo todas e todos os aderentes. É de vida democrática, para além de qualquer corrente, que o Bloco mais necessita!
Subscrições:
1. José Manuel Faria – Braga
2. Ana Afonso de Oliveira – Viana do Castelo
3. Fernando Marques – Viana do Castelo
4. Armando Herculano - Porto
5. Carlos Carvalho - Porto
6. Gui Castro Felga- Porto
7. João Pedro Freire - Porto
8. Joaquim Manuel Viana- Porto
9. Mi Castro Felga- Porto
10. Maria José Espinheira- Porto
11. Paulo Teixeira de Sousa- Porto
12. Cláudio Sérgio Abreu Monteiro - Aveiro
13. Eva de Lurdes Correia Paciência- Aveiro
14. João José de Sousa Almeida- Aveiro
15. Maria Eugénia Santos Silva- Aveiro
16. Paula Cristina Resende Reis- Aveiro
17. Pedro Daniel Reis Almeida- Aveiro
18. Pedro Miguel Silva Almeida- Aveiro
19. Zélia Maria Silva Almeida- Aveiro
20. Adelino Granja – Leiria
21. Francisco Colaço - Santarém
22. Pedro Mendonça- Santarém
23. Álvaro Carvalho - Lisboa
24. Ana Bastos - Lisboa
25. António Loja Neves – Lisboa
26. Branca Piçarra - Lisboa
27. Carlos Gaivoto - Lisboa
28. Celina Adriano - Lisboa
29. Daniel Bernardo - Lisboa
30. Diogo Martins – Lisboa
31. Eduardo Frazão - Lisboa
32. Gonçalo Monteiro - Lisboa
33. Helena Carmo - Lisboa
34. Helena Figueiredo - Lisboa
35. Helena Peixoto - Lisboa
36. Isabel Fonseca – Lisboa
37. João Pedro Santos - Lisboa
38. Joaquim Simões – Lisboa
39. José António Almeida Dias Ferreira - Lisboa
40. José Boavida - Lisboa
41. José Franco – Lisboa
42. Luís Miguel Gonçalves dos Santos - Lisboa
43. Luís Martins Pote - Lisboa
44. Maria José Vitorino - Lisboa
45. Maria Ribeiro Dias Ferreira - Lisboa
46. Margarida Santos - Lisboa
47. Mariana Maia - Lisboa
48. Miguel Romão - Lisboa
49. Miguel Sacramento - Lisboa
50. Nuno Serra - Lisboa
51. Nuno Teles - Lisboa
52. Paula Cabeçadas - Lisboa
53. Paulo Sanches - Lisboa
54. Pedro Feijó - Lisboa
55. Pedro Lopes - Lisboa
56. Pedro Junqueira Lopes - Lisboa
57. Reinaldo Cid Miranda - Lisboa
58. Rita Paz - Lisboa
59. Rosa Félix - Lisboa
60. Sara Goulart - Lisboa
61. Teodósio Alcobia - Lisboa
62. Vítor Sarmento - Lisboa
63. Adelino Fortunato - Setúbal
64. Albérico Afonso - Setúbal
65. Alice Brito - Setúbal
66. Ana Massas - Setúbal
67. Ana Sequeira - Setúbal
68. André Antunes - Setúbal
69. António Sequeira - Setúbal
70. Faria de Castro - Setúbal
71. Henrique Guerreiro - Setúbal
72. Ilídio Dinis - Setúbal
73. João Madeira- Setúbal
74. Jorgete Teixeira- Setúbal
75. José Ramos- Setúbal
76. Luís Caras Altas- Setúbal
77. Luís Pereira- Setúbal
78. Maria do Rosário Vaz- Setúbal
79. Maria João Sequeira- Setúbal
80. Paula da Costa - Setúbal
81. Pedro dos Reis- Setúbal
82. Rogério Miranda- Setúbal
83. Jorge Luz - Setúbal
84. Carlos Macedo- Setúbal
85. Vanessa Pereira- Setúbal
86. Cecília Costa - Portalegre
87. José Moura – Portalegre
88. Álvaro Monteiro – Beja
89. Alexandra Espiridião Oliveira - Évora
90. Amália Espiridião Oliveira- Évora
91. António Margalha- Évora
92. André Nobre- Évora
93. Diogo Parreira- Évora
94. José Viana- Évora
95. Maria Amaral Frazão- Évora
96. Miguel Sampaio- Évora
97. Carlos Alberto Alexandre Cabrita - Faro
98. Emília Costa- Faro
99. Fernando Leitão Correia - Faro
100. Joaquim Mealha Costa- Faro
101. José Manuel Estevens- Faro